A profissionalização do setor de assessoria sempre foi definida pela palavra Partnership, e partnership sempre esteve conectado, mas não apenas, com a estrutura societária da empresa – a capacidade de emitir novas quotas, atrair novos sócios e criar empresas dentro de um grupo societário.
Como consequência, estamos acompanhando um direcionamento da indústria para acelerar a criação e a formalização dos grupos societários, estruturando holdings e novas empresas.
1. Quando vale a pena estruturar uma holding?
O modelo de holding é indicado para estruturas de Partnership mais avançadas, que possuam uma gestão de cap-table madura e outras empresas além do AI com faturamento significativo. Isso porque a criação de uma holding possui custos não apenas para criação, mas também para manutenção contábil, jurídica e administrativa.
2. Como essa empresa deve ser constituída?
A escolha da constituição da holding entre sociedade anônima (S.A.) e limitada (Ltda) deve considerar os objetivos e a negociação em andamento da empresa. Ambas as formas jurídicas possuem prós e contras.
Para a validade e implementação do partnership de forma profissional, a holding S.A. traz diversos benefícios. Além de benefícios para os sócios internos, a constituição de uma holding S.A. traz segurança e facilidade para a entrada de sócios capitalistas, mas é importante reforçar que não é a constituição de uma holding S.A. que tornará sua empresa atrativa. Caso algum sócio capitalista realmente queira investir em seu negócio, a estrutura societária é um problema a ser resolvido após o deal, e não antes.
Dito isso, na maior parte dos casos, a holding limitada será a melhor solução para as assessorias. Isso porque possui menos custo para implementação e manutenção, e será um modelo de transição até a implementação de uma sociedade anônima.
3. Vale a pena transformar minha empresa AI em S.A.?
Não, isso porque uma assessoria distribui dividendos de forma desproporcional mensalmente e empresas S.A. não podem distribuir dividendos de forma desproporcional. Por isso, a importância de pensar com cuidado na forma como a nova estrutura societária da empresa vai seguir.
Como exemplo, se uma holding S.A. for dona de 100% das quotas de um AI, teremos o mesmo problema mencionado acima, inviabilizando a execução do negócio e alguns benefícios fiscais utilizados atualmente no Setor.
4. Quais empresas estão sendo criadas dentro dos grupos societários?
Estamos acompanhando um forte movimento de criação de consultorias CVM e Gestoras. Assim como na constituição de uma holding, a decisão aqui deve ser tomada com base nos custos e no objetivo do negócio.
Nos últimos trimestres, acompanhamos a maioria dos escritórios queimarem caixa ao criar gestoras, devido ao subdimensionamento dos custos de equipe, à medida que a gestora cresce, e ao superdimensionamento da capacidade de captação via cross-selling.
Na ponta contrária, as consultorias CVM que estamos acompanhando conseguem ser mais light e gerar resultado mais rápido no curto prazo, devido à independência para atender o cliente fora da corretora. É importante reforçar que este ponto é sensível para sociedades com contratos de longo prazo, portanto, precisam ser analisados e negociados com cuidado.
5. Como profissionalizar a estrutura societária sem uma holding?
Existem modelos de transição para empresas menores ou que não querem despender parte do caixa e tempo nesta estruturação.
Abaixo, uma lista de to-do para auxiliar você antes de implementar uma holding:
- Implemente uma governança no seu acordo de sócios da empresa de AI: Inclua a participação de membros externos e membros minoritários.
- Defina funções e remunerações de forma mais clara: Pare de confundir salário, bônus e dividendos.
- Regras de acompanhamentos e sucessão: Crie formas de acompanhar e cobrar a sucessão de funções (CEO, COO, CFO etc.)
- Transparência financeira: Inicie a divulgação dos seus resultados gerenciais validados por terceiros (ex.: AAWZ). Obs.: A auditoria contábil não faz jus à realidade gerencial de uma empresa.
- Transparência societária: Implemente seus comitês de partnership de forma constante e transparente.
- Estruture um memorando de entendimento (MoU) com regras de transição para a futura holding.
Se você conseguir definir, acompanhar e atualizar essas regras por três semestres, sua empresa estará pronta para a criação de uma holding.
