Entre 2021 e 2027, o mercado brasileiro de investimentos deve mais que dobrar, de cerca de R$ 8,6 trilhões para algo em torno de R$ 18 trilhões — avanço médio próximo de 10% ao ano. O crescimento é disseminado: pessoas físicas aceleram (CAGR ~12%), empresas ganham peso (CAGR ~14%) e a previdência segue em alta (CAGR ~9%).
No retrato competitivo de investimentos em pessoa física, a participação dos cinco principais bancos recuou gradualmente até ~50%, enquanto as duas principais corretoras (XP e BTG) avançaram de forma consistente para ~25%. Dentro desse movimento, essas duas plataformas lideraram a captura de market share, saindo de patamares modestos para algo próximo de 10-15% cada. Paralelamente, gestoras independentes, bancos e instituições financeiras menores disputam o restante do mercado.
Em síntese: o bolo cresceu e a prateleira independente ganhou espaço. Para os próximos anos, o cenário favorece modelos fee-based, consultoria CVM e uma atuação orientada por processos, dados e alinhamento de incentivos — especialmente com a entrada dos principais bancos no modelo de assessoria independente.
Estimamos que as plataformas Wealth Services (WS) já representem cerca de 25% do tamanho do mercado de assessoria tradicional — em 2021 eram apenas 5%. Não é irracional projetar um cenário 50%–50% em 5 anos, quando o mercado B2B alcançar ~R$ 2,5 trilhões. Em outras palavras, consultorias, MFOs e assessorias disputarão um mercado trilionário com espaço para especialização e modelos de receita mais estáveis.
Neste contexto, o mercado endereçável para assessorias e consultorias de investimentos no Brasil atualmente já se consolidou como um “bolo” acima de R$ 1 trilhão e segue em trajetória de crescimento de ~20% a.a. A demanda por aconselhamento, curadoria de produtos e orquestração de patrimônio cresce de forma estrutural — traduzindo-se em mais carteira sob acompanhamento, maior recorrência de receita e serviços mais sofisticados.
Composição do crescimento. O avanço é disseminado entre pessoas físicas, empresas e previdência. As famílias ampliam patrimônio financeiro e diversificação; as empresas profissionalizam a gestão de caixa e investimentos; a previdência expande cobertura e ticket médio. O resultado é um mercado mais profundo, com maior participação de investidores que demandam planejamento, política de investimentos e acompanhamento contínuo.
Mudança no mix de canais. Embora os grandes bancos ainda concentrem parcela relevante dos ativos, a prateleira independente ganhou espaço com corretoras, consultorias e multi family offices. Duas plataformas de distribuição puxaram esse ganho de participação nos últimos anos, enquanto o conjunto de independentes e bancos médios disputa o restante. Na prática, o cliente final passou a comparar taxa, serviço e incentivos — movimento que favorece modelos fee-based e contratos de consultoria.
Wealth Services (WS) como acelerador. A oferta de plataformas de WS para consultores cria uma via adicional de crescimento e um novo canal de distribuição no mercado. Para o cliente, isso significa experiência integrada; para os profissionais, mais ferramental e interoperabilidade; capacidade de atender em diversas casas, novas fontes de receita, escalabilidade e retenção.
Implicações estratégicas. Com o bolo crescendo e a independência ganhando espaço, a entrada dos principais bancos no modelo de assessoria/consultoria acelera a reorganização competitiva. Para as casas, isso significa revisar proposta de valor, estruturar contratos de consultoria e parcerias WS, elevar governança e capturar sinergias de M&A seletivos. Para os profissionais, é a hora de migrar do “empurrar produto” para a gestão de relacionamento de longo prazo, baseada em dados, processos e alinhamento de incentivos.
Tese para os próximos anos. O crescimento orgânico do mercado, somado à profissionalização do canal e ao avanço de WS, sustenta um ciclo em que empresas com cultura forte, operação disciplinada e modelo comercial intensivo tende a capturar participação, enquanto operações com partnership e estruturas obsoletas devem perder profissionais para competição com o setor independentes e assessorias dos bancos. Em outras palavras: o mercado é grande, está crescendo e a vantagem competitiva migra para quem organiza o patrimônio do cliente com modelo de negócio vencedor, transparente e light.


